• Sábado, 02 de Agosto de 2025

Silêncio imposto por Moraes reforça discurso de perseguição usado por Bolsonaro

Estratégia do PL vê ganho político em silêncio do ex-presidente às vésperas de seu julgamento pelo STF

Bolsonaro / Foto: divulgação

O silêncio imposto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem sido interpretado por estrategistas do Partido Liberal como um fator que pode beneficiá-lo politicamente.

Segundo aliados, a restrição — que o impede de se manifestar nas redes sociais e à imprensa — reforça a narrativa de que está sendo perseguido pela Justiça, o que, na visão do grupo, mobiliza sua base mais fiel.

A cautelar que proíbe Bolsonaro de usar redes sociais ou dar entrevistas, sob risco de prisão, foi determinada após o ministro avaliar que o ex-presidente tenta burlar as restrições ao aparecer em transmissões e vídeos replicados por terceiros. Mesmo assim, a imagem de Bolsonaro saindo do diretório do PL em silêncio, cercado de jornalistas, foi considerada mais eficaz politicamente do que suas falas costumeiras, marcadas por repetição de críticas ao Supremo e ao sistema eleitoral.

Além de servir à estratégia de vitimização, o silêncio também evita que Bolsonaro se complique juridicamente, seja com novas declarações contra o Judiciário ou sobre temas delicados, como a recente sobretaxa de 50% imposta pelos EUA a produtos brasileiros. Aliados destacam que a ausência de declarações impede a ampliação de provas contra ele às vésperas do julgamento do “núcleo crucial” da tentativa de golpe, previsto para setembro.

Enquanto aguarda uma manifestação de Moraes sobre os limites exatos das proibições, a defesa de Bolsonaro afirma que ele não concederá entrevistas. O pedido de esclarecimento ocorreu após Moraes cobrar explicações sobre uma possível quebra da medida cautelar. Se o ministro entender que houve descumprimento, o ex-presidente pode ter sua prisão preventiva decretada, o que ampliaria ainda mais o tom de embate político e jurídico entre Bolsonaro e o STF.

Fonte: Correio Braziliense
 

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