Aberto inquérito após governo do estado pagar portal sem licitação
Portal Conecta Piauí recebe pagamentos por parte do Governo do Estado com possível irregularidade
Dono do Conecta Piauí com secretário de Comunicação / Foto: divulgação
O Ministério Público do Estado do Piauí decidiu abrir um inquérito para investigar o que levou o portal Conecta Piauí a receber pagamentos por parte do Governo do Estado com possível irregularidade, sem licitação.
De propriedade do ex-vendedor do Grupo Meio Norte, Thiago Monteiro, o portal Conecta Piauí existe há apenas três anos, mas mesmo com pouco tempo se tornou um dos veículos de comunicação que mais fatura junto à secretaria estadual de Comunicação (Secom, ex-CCOM), hoje sob o comando de Marcelo Nolleto.
O jornalista José Ribas Neto já havia divulgado, em 2024, que em um período de menos de um ano, o site noticioso recebeu mais de R$ 800 mil por parte do Governo do Estado através da Comunicação. “Dinheiro público pingando na conta de sites de jornalismo. Tudo sob a rúbrica de publicidade institucional”, afirmou o jornalista em sua denúncia.

Somente neste ano, desde que Marcelo Nolleto, que costumeiramente é visto “visitando” a sede do portal Conecta Piauí ao lado do “dono” Thiago Monteiro, o portal passou a receber, em média, R$ 100 mil por mês. O que, se considerar o ano, passa da casa de R$ 1 milhão. Nos bastidores do jornalismo piauiense, afirmam que os verdadeiros proprietários do site, que foi fundado em 2022 e se tornou campeão em receber dinheiro do Governo do Estado, são outras pessoas.
Vale ressaltar que, além do Conecta Piauí, mais dois portais de notícias também aparecem no inquérito aberto pelo MP-PI. São eles: Pin Piauí, de propriedade do administrador do Grupo Xico Prime Marciano Valério Arrais, e Pensar Piauí, do ex-secretário de Comunicação e petista histórico Oscar de Barros. Estes veículos de comunicação também receberam dinheiro do Governo do Estado com possível irregularidade, sem licitação. A diferença é que foram valores menores que o Conecta Piauí.

O QUE DIZ O MP-PI
Desta forma foi instaurado o inquérito civil público de N° 05/2025/42ªPJ (SIMP 002936-426/2024). Diz trecho da portaria divulgada nesta terça-feira (19/08) no Diário Oficial do MP-PI: “com o objetivo de apurar possível irregularidade no pagamento realizado diretamente pelo Estado do Piauí, por intermédio da Coordenadoria de Comunicação Social do estado do Piaui (CCOM-PI), aos sites CONECTA PIAUI, PIN PIAUI e PORTAL PENSAR PIAUI, sem a existência de vínculo contratual, nos termos do art. 2°, inciso II c/c § 7º, da Resolução CNMP n° 23/2007, DETERMINANDO-SE, desde já, as seguintes providências: Autuar e registrar esta portaria e os documentos que a escoram no sistema SIMP (arts. 7° e 8° da Resolução n° 001/2008, do Colégio de Procuradores de Justiça do Ministério Público do Estado do Piauí), com ADEQUAÇÃO dos autos à taxonomia da Fazenda Pública, conforme a orientação do CNMP”.
Para o MP-PI, a irregularidade existe porque o Governo do Estado tem a obrigação de fazer pagamentos de serviços de comunicação através de agências de publicidade licitadas, que são as cinco seguintes: Chroma Comunicação, Eclético Comunicação, ADV6 LTDA, Nova Comunicação e SA Propaganda LTDA. “Os referidos sites (Conecta Piauí, Pin Piauí e Pensar Piauí) deveriam prestar serviços especializados de divulgação de propagandas às agências de publicidades contratadas pelo Estado do Piauí (CHROMA COMUNICAÇÃO LTDA., ECLÉTICA COMUNICAÇÃO LTDA., ADV6 LTDA., NOVA COMUNICAÇÃO LTDA. e S/A PROPAGANDA LTDA.), conforme contrato n° 01/2022, subsidiado pela concorrência pública n° 01/2021/SEADPREV (SEI n° 00052-00004/2020-34)”.
Confira o documento na íntegra:

Fonte: OitoMeia
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