Dom Plínio fala sobre paralisação da reforma da Catedral e questiona lei de tombamento
Bispo de Picos já comunicou o fato ao Núncio Apostólico, que é o representante do Papa no Brasil
Dom Plínio comenta paralisação da reforma da Catedral de Picos / Foto: José Maria Barros
Por José Maria Barros
Em entrevista ao repórter Augustinho Hipólito, da Rádio Cidade Modelo FM, o bispo diocesano de Picos, Dom Plínio José Luz da Silva falou sobre a paralisação da reforma da Igreja Catedral Nossa Senhora dos Remédios e disse que o impasse pode durar a vida inteira.
O religioso também questionou a Lei de Tombamento de Edificações Públicas e Privadas, aprovada pela Câmara de Vereadores e sancionada pelo prefeito, Padre José Walmir de Lima (PT), no dia 11 de dezembro de 2017.
A troca do piso da Catedral teve início em 22 de abril e foi paralisada dois dias depois por recomendação do Ministério Público Estadual. A promotora de justiça Karine Araruna utilizou-se da Lei Municipal Nº 2866/2017 para solicitar o embargo da obra dentro de um prazo de 24 horas e, foi atendida pelo bispo Dom Plínio José.
Desde o dia 24 de abril que as obras estão paralisadas e, segundo Dom Plínio José, o problema pode durar a vida inteira. Enquanto isso, diferente das pessoas que não andam na igreja e usam as redes sociais para criticar o projeto, os fiéis que frequentam a Catedral estão sofrendo com a poeira e cobram uma solução urgente para o impasse.
Obras paralisadas
“As obras estão paradas, a gente não pode mexer, respeitamos, estamos submissos à lei! Já comuniquei ao Núncio Apostólico, que é o representante do Papa no Brasil, tudo isso aí e não posso faze mais nada” – lamentou dom Plínio José.
Segundo ele, o problema pode durar até a vida toda, porque, na hora em que o Ministério Público se pronunciar se vai continuar, ele vai analisar direito, conversar com as pessoas e decidir o que será feito. “Se não vai continuar eles vão dizer o que é que a gente deve fazer” – ressalta o bispo.
Dom Plínio também se pronunciou sobre a polêmica nas redes sociais, onde tanto ele, como o Padre Francisco Pereira Borges, o Chiquinho, pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, foram atacados e agredidos com expressões de baixo nível.
“Tem alguns comentários, até de pessoas que são ligadas a Igreja, pessoas que abraçam a gente e tudo o mais e por trás fazem do nosso nome o que, na verdade, foge da ética e do direito. Respeito, mas só faz sofrer, porque atingem as pessoas. Eu sou eu e a Igreja é outra coisa! Sou um cidadão como qualquer outro, porém, quando atacam à dignidade do cidadão você sabe que está se expondo muito você. As pessoas são levadas pelo anonimato! Dificilmente a gente sabe quem é o outro que pratica isso [os ataques]. Não vou atrás e nem quero tirar o direito das pessoas se manifestarem. Agora, é claro, que a gente conversando frente a frente é muito melhor” – sugeriu.
Troca do piso
Antes da execução do projeto aconteceram dois plebiscitos, onde as pessoas foram consultadas e o resultado foi favorável à troca do piso. Na última consulta, dentre os que participaram, 1.167 foram a favor, 300 contra e 30 se disseram indiferentes.
Sobre a paralisação do projeto de colocar um novo piso, que segundo Dom Plínio, realmente não está em boas condições, ele diz que vai criar um distanciamento de qualquer iniciativa, pois, hoje a Igreja Catedral é tombada.
“A Prefeitura [de Picos] é quem vai resolver o problema da Igreja? Resolver o problema do telhado e da torre que precisam ser reformados? Não podemos fazer mais nada? Então é a Prefeitura que vai fazer? Tudo é a Prefeitura agora? Nós vamos só celebrar missa lá? E quando não puder celebrar mais? Lá em Teresina tem uma igreja fechada por conta do tombamento e está caindo aos pedaços. Então vai ficar assim? O povo tem que gostar de vê a Catedral toda desarrumada para depois reclamar do bispo, de mim ou de outro que venha depois? Essa aí é uma questão a refletir” – desabafou Dom Plínio José.
Lei de Tombamento
De autoria do vereador Francisco das Chagas de Sousa, o Chaguinha (PTB), a Lei Municipal Nº 2866/2017 em que se baseou o Ministério Público Estadual para recomendar o embargo da obra de troca do piso da Igreja Catedral, não tem efeito sobre o projeto idealizado pela Paróquia Nossa Senhora dos Remédios.
Em seu artigo 2º a lei destaca: “A partir desta data, as edificações não poderão sofrer alterações arquitetônicas nas áreas externas. Qualquer modificação interna deverá manter a originalidade da fachada”.
Como o projeto idealizado pela Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, com o apoio da esmagadora maioria da população católica consultada, não mexe com a área externa, mas apenas troca o piso interno, não é atingido pela lei.
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