• Quinta-Feira, 04 de Dezembro de 2025

Presidente do Sinte Regional de Picos denuncia governo do estado por mau uso do Fundeb

A denúncia foi feita ontem pelo sindicalista João Antônio de Sousa durante audiência pública na Alepi

João Antônio de Sousa denuncia mau uso do Fundeb / Foto: divulgação

O presidente do Sinte Regional de Picos, professor João Antônio de Sousa, denunciou o governo do estado pelo mau uso dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

A denúncia do sindicalista picoense foi feita ontem, 1º de dezembro, durante audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado, em Teresina. O secretário estadual de Educação e nome preferido do governador para ser seu vice nas eleições em 2026, Washington Bandeira, não compareceu. 

“O que está acontecendo é que o Rafael [Fonteles] tira o nosso salário do Fundeb, que é nosso dinheiro, e dá para os prefeitos botarem funcionários. Por isso que sobra dinheiro para os prefeitos brincarem e tira de nós servidores” – denunciou João Antônio.

Audiência pública

Audiência pública/Foto: Divulgação.
 

Proposta pelo deputado Gustavo Neiva (Progressistas), a audiência pública teve como pauta central o debate do Plano de Cargos e Salários dos Professores da Rede Estadual de Ensino. 

O sindicato da categoria apresentou uma série de denúncias sobre o quadro de pessoal da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) que acredita ser o motivo para faltar dinheiro para a valorização dos professores efetivos.
 
Segundo o advogado do Sinte (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Piauí), Giovani Brito, apuração do TCE (Tribunal de Contas do Estado), feita em 2022, apontava que existiam cerca de 10 mil servidores temporários na Seduc. Esse número teria subido para 25 mil em 2024, ano de eleições estaduais. Ele denuncia que há descumprimento de legislação que obriga o órgão a ter mais efetivos do que temporários.

Audiência pública/Foto: Divulgação.
 

A esse problema, Brito acrescenta a grande quantidade de terceirizados e o que chamou de “CPF’s”, pessoas que recebem dinheiro sem estar na folha de pagamentos. O advogado do Sinte afirmou que, diariamente, diretores e professores relatam a chegada de novos funcionários administrativos às escolas que não sabem nem qual função devem exercer. Ele propôs ao deputado Gustavo Neiva que faça uma audiência pública focada nisso e acredita que, com a regularização da situação, vai sobrar dinheiro para valorizar os professores efetivos.

Professores descrevem falta de valorização
 
Os professores presentes à audiência pública puderam enumerar diversos exemplos da falta de valorização por qual passa a categoria. O vice-presidente do Sinte, Renato Bezerra, afirmou que o Piauí não tem escolas de tempo integral, mas sim escolas de tempo estendido, já que faltam estrutura e recursos financeiros para que o modelo se concretize.
 
Brito comparou o salário dos professores estaduais piauienses com o do Ceará e caracterizou como vergonhosos os vencimentos do Piauí. No estado vizinho, o salário de entrada é maior do que o salário de um profissional com doutorado na educação piauiense. O professor Sílvio Freitas lembrou da ausência de servidores administrativos concursados, destacando que o último certame foi realizado há 20 anos. Ele ainda criticou a ausência de secretários e deputados.

Audiência pública/Foto: Divulgação.
 

“Faltou coragem do secretário de Educação e do secretário de Administração para enfrentar a categoria. [...] A gente estava precisando aqui da presença dos secretários e também dos deputados estaduais dessa Casa, que se acovardaram com os representantes da educação desse estado”, repreendeu Sílvio Freitas.
 
De Picos, o professor João Antônio criticou o que considera um mau uso dos recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) por parte do Governo do Estado. “O que está acontecendo é que o Rafael [Fonteles] tira o nosso salário do Fundeb, que é nosso dinheiro, e dá para os prefeitos botarem funcionários. Por isso que sobra dinheiro para os prefeitos brincarem e tira de nós”, desaprovou.
 
Ministério Público do Estado e Alepi vão fiscalizar irregularidades
 
A promotora de justiça, Fabrícia Barbosa de Oliveira, coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Educação do Ministério Público do Estado, disse que a instituição se remodelou para acompanhar melhor a Educação estadual. Ela coordena uma estrutura nova que vai fazer diagnósticos da área e dar diretrizes para todos os promotores do Piauí acompanhar melhor o tema.

Representante do Ministério Público/Foto: Divulgação.
 

Ela relatou que as principais denúncias recebidas são de falta de estrutura e de valorização dos profissionais e que, em uma primeira visita feita pelo Centro em uma escola estadual de tempo integral em Teresina, já foi possível ver que a mesma não condiz com as necessidades da modalidade. A promotora informou que mantém diálogo com o TCE para que, em parceria, as instituições acompanhem melhor a aplicação dos recursos do Fundeb.
 
O deputado Gustavo Neiva acatou vários pontos apresentados pelos professores e se pronunciou sobre reunião que deve ser feita pela categoria com o Governo do Estado no dia 16 deste mês para tratar do Plano de Cargos e Salários.

 “Se o Governo enviar esse plano no recesso, esta Casa não se furtará em votar. Que notícia boa seria se o ano letivo já começasse com esse plano”, defendeu o parlamentar diante do receio dos profissionais de que o diálogo aconteça apenas um dia antes da votação da Lei Orçamentária Anual de 2026 na Alepi. Ele lembrou que a Casa já se reuniu no recesso para votar a aprovação de empréstimo, então pode se reunir também para votar o plano que valoriza professores.

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