Padre Walmir nega infidelidade e diz que processo partiu de uma minoria

Prefeito de Picos diz que não se considera infiel e afirma que sua posição nas eleições de 2018 foi tomada após entendimento com o partido

Durante a campanha de 2018 Padre Walmir (ao microfone) pediu votos para Severo Eulálio (MDB) e Wilson Martins (PSB) / Foto: José Maria Barros

Por José Maria Barros

O prefeito de Picos, Padre José Walmir de Lima (PT), negou que seja infiel ao partido ao qual é filiado e, atribui o processo disciplinar aberto recentemente contra ele e outras lideranças locais pelo diretório estadual, a uma minoria, de uma ala, de uma pessoa da legenda.

“Questionado pela reportagem do Informa Picos sobre a abertura do processo disciplinar contra ele, Padre Walmir foi enfático e negou que tenha cometido qualquer ato de infidelidade ao Partido dos Trabalhadores, legenda ao qual é filiado há mais de seis anos.
    
“Não me considero infiel! Quando votei, por ocasião do pleito de 2018, para governo estadual e governo federal do meu partido; para deputado federal  em Assis Carvalho (PT) e Paes Landim [na época do PTB] e aqui na região votei para deputado estadual em Severo Eulálio (MDB), foi através de um entendimento com o próprio partido e minha consciência está tranquila”, afirma o Padre Walmir.
    
E demonstrando surpresa com a postura do diretório estadual do PT, que abriu processo disciplinar contra ele e outros correligionários, o Padre Walmir foi mais além e declarou: “Se por ventura... Creio que isso é de apenas uma pequena minoria, de uma ala, de uma pessoa, não sei nem se procede” – duvidou.

O Padre Walmir acrescentou ainda que o mais importante é que sua consciência está tranquila, pois, quando decidiu votar assim foi pensando na região e no bem do município de Picos, que poderia receber melhorias. 
     
“Pensei que poderia oferecer muito mais para o município de Picos votando nessa conjuntura que votei”, argumenta o prefeito Padre Walmir.

Entenda o caso

Alegando suposta infidelidade nas eleições de 2018, o Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) solicitou a abertura de processo disciplinar contra o prefeito de Picos, Padre José Walmir de Lima e outras lideranças da legenda, dentre as quais o vereador Evandro Lima de Moraes, o Evandro Paturi, líder do governo na Câmara Municipal.

Pesa contra eles a acusação de descumprimento do Código de Ética do Partido dos Trabalhadores, que tem como um dos princípios éticos fundamentais que devem orientar a conduta de todos os filiados, o respeito à fidelidade partidária.

No documento, enviado à reportagem do Informa Picos por uma fonte, o diretório do PT alega que todas as pessoas citadas devem responder a processo disciplinar porque, publicamente, declararam nas eleições de 2018 voto em candidatos de outras legendas.

Relação de infiéis

O prefeito de Picos Padre Walmir, por exemplo, é acusado de ter votado em Paes Landim (PTB) para deputado federal, Severo Eulálio (MDB) para deputado estadual e Wilson Martins (PSB) para senador, em detrimento dos candidatos da legenda ou da coligação, no caso do senador.

Também foi pedido abertura de processo disciplinar contra o vereador Evandro Lima de Moraes, o Evandro Paturi e sua esposa, professora Maria Rosilene Monteiro Luz, secretária municipal de Educação. Paturi é acusado de votar em Severo Eulálio para estadual, enquanto Rosilene teria votado em Paes Landim para federal e Severo Eulálio estadual.

Cícera Cristina Hipólito teria votado em Paes Landim para federal e Severo Eulálio estadual; José Venâncio de Sousa Filho, o Dudé, teria votado em Severo Eulálio para deputado estadual e o Coordenador Municipal de Obras, Reginaldo Osvaldo de Sousa teria votado em Paes Landim para federal e Severo Eulálio, estadual.

O diretório do PT pede ainda que seja aberto processo disciplinar contra Francilene Antônia da Conceição e também o Chefe de Gabinete da Prefeitura de Picos, Francivaldo Barbosa de Sousa, o Civaldo, que teriam votado em Paes Landim para federal e Severo Eulálio para estadual.

Infidelidade
    
O documento conclui: “Desta forma, solicitamos abertura de processo disciplinar conforme reza o Código de Ética e Disciplina do PT”.

De acordo com o art. 6º do Código de Ética do PT, é terminantemente vedado recomendar o voto ou fazer propaganda de candidato a cargo eletivo de outro partido que não pertença a coligação de que faça o Partido dos Trabalhadores.

Já o parágrafo único diz que a infração ao disposto neste artigo caracteriza infração ética de natureza grave.