MP pede intervenção na Federação de Futebol do Piauí e afastamento de Robert Brown
O Ministério Público do Piauí entrou com uma ação pedindo intervenção judicial na Federação de Futebol do Piauí (FFP) e o afastamento imediato do presidente Robert Brown
MP pede afastamento de Robert Brown / Foto: divulgação
O Ministério Público do Piauí (MP-PI) pediu a intervenção imediata na Federação de Futebol do Piauí (FFP) e no Instituto de Futebol do Piauí (IFP) após a apresentação de um relatório técnico de auditoria independente que aponta irregularidades consideradas graves na gestão das duas entidades.
O documento, produzido pela empresa Steiner & Steiner Auditores Associados e datado de 11 de novembro de 2025, descreve uma série de falhas que, segundo o promotor José Reinaldo, tornam inviável a continuidade administrativa e financeira do futebol piauiense sem ação judicial.
A auditoria identificou cinco problemas centrais: incongruência patrimonial, risco fiscal e divergências declaratórias, tentativa de indução a erro, simbiose operacional e um apagão documental que envolve R$ 4,4 milhões sem comprovação.
O primeiro ponto destacado foi a ausência de patrimônio do IFP. O balanço patrimonial de 2023, assinado por Daniel Lima Araújo — que também é vice-presidente da FFP — indica que o ativo total da entidade é de apenas R$ 7,60. Apesar disso, o Instituto firmou contrato de patrocínio de R$ 1,3 milhão com a Secretaria de Esportes (SECEPI) e registrou mais de R$ 3,4 milhões em receitas de convênios.
Para o MP, o IFP funciona como uma estrutura de passagem de recursos sem condições de garantir responsabilidades trabalhistas, tributárias ou cíveis, criando risco sistêmico e possibilidade de insolvência imediata.
Risco fiscal e inconsistências
A investigação identificou que o IFP entregou informações à Receita Federal declarando ausência de movimentação em períodos nos quais houve intensa atividade financeira. Além disso, não houve retenção nem pagamento de Imposto de Renda na Fonte sobre serviços prestados por terceiros.
O promotor alerta que a manutenção dessas práticas pode resultar na perda da Certidão Negativa de Débitos, o que inviabilizaria o recebimento de recursos públicos e comprometeria a continuidade das competições.
Relatório irregular e tentativa de indução
O MP também destacou que uma auditoria anteriormente apresentada pela FFP foi assinada por empresa sem registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC), o que invalidaria o documento. Para o órgão ministerial, isso demonstra tentativa de induzir o controle público ao erro.
Confusão administrativa
Outro ponto levantado é a simbiose operacional entre FFP e IFP. Ambas compartilham estrutura física, endereço e gestão direta de Robert Brown e Daniel Araújo, dificultando a separação de responsabilidades e o controle sobre os recursos.
Apagão documental de R$ 4,4 milhões
A auditoria constatou ausência de documentos essenciais referentes a despesas realizadas entre maio e dezembro de 2024. Somando mais de R$ 4,4 milhões, essas despesas não tiveram apresentação de notas fiscais, contratos ou boletins de medição.
Entre os valores sem comprovação, destacam-se R$ 2,5 milhões para a empresa Meta Soluções e R$ 1,3 milhão para o Sindicato dos Árbitros (SINDAFPI). Também foram registradas saídas de quase R$ 500 mil sem identificação do beneficiário.
O MP alerta que a falta de documentação pode resultar na reprovação das contas pelo Tribunal de Contas, bloqueando novos repasses e paralisando o futebol no estado.
Pedidos do Ministério Público
O promotor José Reinaldo pediu liminar para afastar Robert Brown e Daniel Araújo de qualquer função administrativa nas duas entidades. Ele solicita ainda a nomeação de um interventor com poderes para assumir a gestão, garantir o andamento das competições, regularizar obrigações fiscais e localizar documentos faltantes.
O MP também quer que ambos entreguem livros contábeis, tokens bancários, senhas de sistemas e chaves das sedes.
Outro lado
Procurado, Robert Brown não respondeu às tentativas de contato. Já Daniel Araújo encaminhou nota afirmando que o IFP não foi notificado sobre a ação e desconhece seu teor. Ele declarou que a entidade está à disposição da Justiça, reafirmou compromisso com a transparência e garantiu que qualquer determinação judicial será cumprida dentro da legalidade.
A diretoria do IFP disse ainda confiar plenamente no Poder Judiciário e aguarda comunicação oficial sobre o caso.
Fonte: Radar Piauí



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