• Quarta-Feira, 12 de Março de 2025

Governo federal desmente Wellington Dias sobre aumento no Bolsa Família

Ministro afirmou que aumento do benefício está “na mesa”, mas governo nega estudo sobre reajuste

Lula e Wellington Dias / Foto: divulgação

Uma fala do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, sobre um possível aumento no valor do Bolsa Família gerou desconforto no governo e repercutiu mal no mercado financeiro. Em entrevista à agência de notícias Deutsche Welle, publicada na quinta-feira (6), ele afirmou que a ampliação do benefício estava sendo discutida internamente, mas horas depois o Planalto desmentiu qualquer estudo nesse sentido.

“Será um ajuste? Será um complemento na alimentação?”, disse Dias, ao comentar que o tema seria decidido até março. Questionado diretamente sobre a possibilidade de reajuste, respondeu: “Está na mesa.”

A declaração pegou o governo de surpresa e fez a Casa Civil agir rapidamente para conter os impactos. Em nota, divulgada na noite de ontem, o órgão negou a existência de qualquer estudo para elevar o benefício. “A Casa Civil da Presidência da República informa que não existe estudo no governo sobre o aumento do valor do benefício do Bolsa Família. Esse tema não está na pauta do governo e não será discutido”, diz o comunicado, assinado também pelo Ministério da Fazenda.

A repercussão da fala de Dias foi imediata. O dólar fechou o dia em alta de 0,52%, cotado a R$ 5,79, enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 1,27%. O mercado reagiu negativamente à possibilidade de aumento de gastos públicos, num momento em que o governo tenta manter o equilíbrio fiscal.

O Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2025, atualmente em tramitação no Congresso, prevê R$ 167,2 bilhões para o Bolsa Família. Um reajuste no valor do benefício exigiria mudanças no orçamento e poderia pressionar ainda mais a inflação, fator que tem afetado a popularidade do governo.

A fala do ministro ocorreu em um momento delicado, com a equipe econômica buscando reforçar o compromisso com a responsabilidade fiscal e conter os impactos da inflação. Na semana passada, pesquisa Genial/Quaest mostrou que a avaliação negativa do presidente Lula superou, pela primeira vez, a positiva: 37% contra 31%. O governo tenta reagir com anúncios de medidas para ampliar o acesso ao crédito e minimizar os efeitos da alta de preços.

Em discurso nesta quinta-feira, Lula defendeu políticas para estimular o consumo. “Muito dinheiro na mão de poucos significa miséria de muitos. Agora, pouco dinheiro na mão de todos significa melhorar a vida do povo brasileiro”, afirmou.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também se manifestou sobre a economia e atribuiu a alta nos preços dos alimentos ao câmbio. Ele argumentou que o dólar valorizado tem pressionado os preços internos, mas que medidas estão sendo adotadas para estabilizar a moeda.

O governo segue em esforço para controlar a inflação e melhorar a percepção econômica, enquanto busca evitar ruídos na comunicação sobre políticas sociais e fiscais.

Fonte: Com informações do Correio Braziliense
 

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