Uespi afasta professor acusado de assediar estudante de Administração do Campus de Picos
A estudante de 18 anos foi assediada por professor de 60 identificado apenas pelas iniciais N. de M.B
Cartazes espalhados pelo Campus da Uespi em Picos / Foto: divulgação
Após manifestação de colegas da Universidade Estadual do Piauí, a direção do Campus Professor Antônio de Barros Araújo, em Picos, decidiu afastar de suas funções o professor acusado de assediar sexualmente uma aluna de 18 anos do curso de Administração.
A acadêmica, que não teve o nome revelado, registrou uma denúncia de assédio contra um professor responsável pela disciplina de Fundamentos Históricos da Administração. O docente, de 60 anos foi identificado apenas pelas iniciais N. de M. B. O caso, que foi levado à Polícia Civil há cerca de dez dias, somente se tornou público nesta segunda-feira (28).
Conforme o relato da aluna, o assédio ocorria frequentemente durante as aulas, com perguntas e comentários que ela considerava inapropriados. Em uma situação fora do ambiente acadêmico, o professor teria realizado seis chamadas para a estudante em um único dia, o que a levou a compartilhar o ocorrido com sua família. A partir daí, a direção da Uespi e a polícia foram acionadas. Estudantes também reagiram, espalhando cartazes pelo campus em sinal de protesto, o que resultou no afastamento temporário do professor pela coordenação do curso enquanto os fatos são apurados.
Entenda o caso
Uma estudante de 18 anos da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), no campus de Picos, denunciou ter sido assediada sexualmente por um professor de 60 anos. Segundo o Boletim de Ocorrência (BO) registrado pela vítima, o suspeito a perseguia durante as aulas e chegou a apontar um laser para os seios dela durante uma aula.
Conforme o Diretório Central dos Estudantes (DCE) de Picos, a aluna denunciou o caso na Ouvidoria e o Grupo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (NEVIM). Ao fazer a denúncia, a estudante foi informada que o professor havia sido afastado em razão das queixas. Na nota divulgada à imprensa, a UESPI não cita o afastamento.
Ao saberem que uma aluna havia sido vítima de assédio, no dia 17 de outubro, os estudantes da instituição organizaram uma manifestação e espalharam pelo campus diversos cartazes pedindo o afastamento do professor (foto abaixo). Até então, os estudantes não sabiam quem era a vítima.
Denúncia
A vítima ingressou na instituição apenas há dois meses, no dia 28 de agosto de 2024, e está no primeiro período. E com menos de um mês de aula o assédio começou. A denúncia foi formalizada pela aluna na ouvidoria em 18 de outubro, um dia após a manifestação organizada pelo DCE e, na mesma data em que denunciou o caso à Polícia Civil.
Lista cronológica das importunações que a aluna relatou à universidade
Inicialmente, a vítima relatou que, durante as aulas, era constantemente chamada pelo professor com perguntas e interações. Por isso mudou de lugar na sala, para tentar afastar a atenção, mas as investidas continuaram;
No dia 19 de setembro de 2024, ela recebeu seis chamadas telefônicas, sendo cinco perdidas e uma atendida. Era o professor, que se identificou e disse que havia ido até o local de trabalho de uma colega de sala da aluna para conseguir o número. O assunto da chamada, segundo a denúncia, eram assuntos da aula anterior;
No dia seguinte, o professor ligou outra vez, falando novamente sobre a aula do dia anterior. Então a vítima contou a alguns colegas o que estava acontecendo e eles falaram que também notaram o comportamento estranho do docente com a aluna durante as aulas;
Depois, durante uma aula que a estudante chegou atrasada, seus colegas contaram que o professor questionou a classe se ela iria faltar, porque ainda não estava na sala.
Em outra aula, em que a aluna sentou no fundo da sala, notou que o professor apontava um objeto para ela. Ao abaixar a vista, notou que ele apontava o laser que utilizava durante as aulas para os seus seios;
No dia 9 de outubro, conforme a denúncia da ouvidoria, a vítima pediu para que sua mãe a levasse em um psicólogo. A mãe não sabia do que se tratava. A vítima relatou que queria ter certeza que as atitudes do professor era assédio contra ela. O profissional a orientou a contar o que estava acontecendo para sua família;
Então, no dia 10 de outubro, ela contou o que estava acontecendo para a família. E acompanhada da mãe, foram na diretoria do campus de Picos da Uespi e relataram essas ocorrências para a instituição. A direção do curso informou que a situação seria resolvida imediatamente. No mesmo dia, quando foi para a aula, o coordenador do seu curso informou à turma que o professor em questão havia sido afastado.
Outro lado
Em nota, a Uespi expressou repúdio a atitudes que atentem contra a dignidade humana e destacou que o caso será tratado com cuidado para evitar exposição ou julgamento precipitado, resguardando a integridade da estudante.
A direção do campus afirmou que, embora não houvesse registros anteriores contra o docente, tomou providências após ouvir as partes envolvidas. A instituição reafirmou seu compromisso com o fortalecimento de políticas de combate à violência e discriminação e anunciou um evento sobre violência contra a mulher.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Piauí.
Fontes: 180 Graus e g1-pi
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